Começámos o nosso périplo pelo Dão com a visita à nova Adega Quinta da Teixuga. Esta belíssima estrutura, inaugurada o ano passado, é o “quartel general” da empresa Caminhos Cruzados.
Fundada em 2012, a Caminhos Cruzados criou a marca Titular para lançar os primeiros vinhos. Em 2013 iniciou a exploração da Quinta da Teixuga recuperando vinhas velhas e plantando novas parcelas. Em 2014, “foi ao mercado” e “sacou” dois enólogos cheios de pergaminhos: Manuel Vieira e Carlos Magalhães. Foi, neste ano, tomada a decisão de construir uma nova adega que respeitasse e valorizasse o território, fosse sustentável e inovadora. 2015 foi o ano do “rebranding” das marcas Terras de Santar e Terras de Nelas e em 2016 começou a colher “frutos mediáticos” com o prémio “Produtor Revelação do Ano 2015” da Revista de Vinhos.
A manhã de 26 de Março foi fresquinha mas solarenga, óptima para o início de uma espécie de volta-ao-Dão-de-copo-na-mão que se queria não menos que épica. Fomos recebidos pelas simpaticíssimas Carla Rodrigues (enóloga residente) e Sofia Mesquita (também enóloga, mas com a pasta do enoturismo) e começou a visita à moderna e funcional adega, projectada para ter uma capacidade produtiva de 400 000 litros.
Depois da maquinaria, cubas e barricas vistas, chegou a hora da prova. Entrámos na sala de provas, “dona” de uma deslumbrante vista sobre a vinha e com acomodação mais que suficiente para os sortudos “ceguetas” presentes e ficámos a saber que nos esperava um interessante desafio: o “Enólogo por Um Dia”. Este programa consiste na possibilidade de cada um poder fazer o seu lote com as percentagens que lhe aprouver de vinhos monovarietais das castas Jaen, Alfrocheiro e Touriga Nacional. Tínhamos então um Jaen todo fruta vermelha madura e algum balsâmico, um Alfrocheiro mais fruta negra, algo especiado e herbáceo e uma Touriga cheia de violetas, fruta silvestre e bem taninosa. Numa primeira tentativa afinámos a mão, para na segunda o lote sair capaz. O melhor de tudo é que o resultado desta experiência nos foi colocado em garrafa e arrolhado!
Tenho, agora, um Alfrocheiro (62%) Jaen (29%) Touriga Nacional (9%) à espera na garrafeira, por num dia de boa disposição. Ou de má…
Texto escrito por Carlos Ramos