Almoço no Delicatum – junho de 2020

Almoço no Delicatum – junho de 2020

Começamos com o Espumante Vinha das Penicas 2014 bem conseguido apesar de parecer um pouco mais velho. O Vinha das Penicas branco é um curtimenta relativamente ligeiro, tal como se comprova pela cor pouco carregada e na boca é seco, com uma acidez elevada e com uma mineralidade que me parecia ser um Bairrada (gostei muito do vinho e foi um dos vinhos mais consensuais de toda a prova). O Redoma Reserva 2018 apesar de ainda estar marcado pela madeira no aroma, na boca já era menos perceptível dando uma grande prova com acidez elevada, ligeiramente salino e um final longo. Foi um dos vinhos menos consensuais da prova, mas eu adorei-o e para mim é uma prova de que vinhos com somente 11° de álcool podem ser muito bons, claro que daqui por 2 a 3 anos quando a madeira for menos notória e estiver mais bem integrada, vai dar mais prazer e será bem mais consensual. O D&V dos Vinhos Imperfeitos é um vinho desconcertante, pela mistura de regiões e castas, com uma acidez vibrante e bem diferente do habitual, é daqueles vinhos que nem todos podem gostar por ser bastante diferente mas eu gostei muito. O Tirado a Ferros 2017 apresentava uma boca ampla, madeira notória mas bem integrada e com acidez no ponto e final longo.

Entramos depois nos tintos com o Vinha das Penicas é um vinho pouco extraído com acidez elevada, alguns taninos, e só um final com algum amargor me deixou um pouco de pé atrás, devia já de ter sido servido com a carne, que penso que ficaria melhor.
O Marcado a Ferros 2015 sem deslumbrar ainda gostei, mesmo apesar do ligeiro brett que tinha. O Inspirações Reserva 2011 assinado pela Beatriz Cabral de Almeida, era um vinho equilibrado, fresco e que deu bastante prazer. O Monte Cascas 2009 apresentou-se bem, com um nariz complexo e uma boca bem mais potente do que o vinho anterior, embora já mais evoluído do que se esperava. Seguiu-se o Antónia Adelaide Ferreira 2015, prejudicado por ter sido servido a uma temperatura superior aos dos outros vinhos, mostrava frutos vermelhos maduros com madeira notória, taninos já relativamente polidos e final longo (vinho precisa de mais tempo e uma temperatura adequada). O La Estrecha Bobal 2017, que gostei muito, num perfil oposto ao do vinho anterior com cor aberta, fresco e elegante mas ainda com alguns taninos. O Tirado a Ferros Tinto 2017, com fruta vermelha e de bosque, na boca é encorpado com taninos relativamente polidos e fresco e final longo. O Tinta Francisca 2014 da Casa Ferreirinha com fruta vermelha e silvestre, boca com corpo médio mais, taninos polidos e madeira de qualidade bem integrada (embora ainda possa melhorar) e bem fresco e final longo (um bom representante desta casta com muito potencial).

A refeição foi finalizada muito bem com o Espumante Cá da Bairrada 2009 das Caves Montanha

A comida do Delicatum esteve ao nível dos vinhos com entradas à base de peixe muito boas, um arroz de garoupa delicioso e umas bochechas de porco bísaro fabulosas que nos deixaram todos estupefactos pela sua enorme qualidade. Acabou-se com o maravilhoso bolo de chocolate e gelado de tangerina!

Em suma, foi um grande almoço com muito bom vinho e muita discussão sobre os diferentes estilos dos vinhos, cada um a defender a sua dama e sempre a aprender mais algumas coisas e a conhecer novos vinhos.

Categorias Artigos de Opinião
Tags: branco, tinto

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Os Cegos por Provas nasceram através da plataforma Facebook, apaixonados pelo vinho, o grupo desenvolve vários eventos vínicos a nível nacional.