Crónicas do Baco Cego ou “As crónicas que não escrevi” 04 _ # 70/30 e a Beira Interior do Pedro Martin
Alguns textos ficam perdidos nas ideias ou nos pensamentos.
Algumas imagens esfumam-se nas timelines das redes.
Algo que que fica em nós. No corpo e no copo.
Perguntavam ao miúdo de onde vinha, e ele a medo lá dizia que era “de cima”, que é de onde vem o frio, as farinheiras e tudo o que é farto e com f…
Lá em cima há muito mais a descobrir. Por entre montanhas e planaltos, picos de frio e picos de calor há uma porta que se abre à região…
O miúdo cresceu e perguntavam de onde vinha. Com medo que os f’s afastassem gentes, lá foi dizendo que a terra dava pão, enchidos e queijo. Mas não era só. Por lá haviam videiras até mais não. Sem tradição de o fazer mais valia vender a granel.
O vizinho Dão tinha melhores diziam. O vizinho Douro era mais e melhor diziam. E aquela terra continuava a não ser chamada pela garrafa para dar de si algo que os outros não tinham.
Homens e mulheres misturaram a dose mais certa, a dose que faltava, a proporção que compõe o melhor dos dois… mundos não serão mas lá hão de chegar a mais mundo.
O miúdo de onde vinha o frio, aquece com estes vinhos a alma das Beiras.
Texto e Imagem _ Carlos Figueiredo