Terrantez, Douradinha, Uva Cão, Malvasia Preta e Monvedro – Raízes do Dão
Foi em 2019 que os Cegos por Provas tiveram o privilégio de visitar a Quinta da Fidalga, no Dão, onde a Lusovini finalizava a plantação de castas “esquecidas” da região, concretizando o sonho de recuperar um património vitivinícola único a que Casimiro Gomes e os seus “cúmplices” de aventura, Sónia Martins e João Paulo Gouveia, se entregaram de alma e coração.
Depois das sensações entusiasmantes que, naquela altura, foi possível colher in loco (a reportagem que, então, foi efectuada pode ser consultada neste link), é com especial satisfação que, cinco anos volvidos, os Cegos assistem aos primeiros frutos deste projecto inspirado e inspirador. 2024 marca a chegada ao mercado dos primeiros cinco vinhos monovarietais das 22 castas antigas da região do Dão que, desde 2021, vêm sendo carinhosamente ensaiadas e microvinificadas. O processo de vinificação e estágio de todos eles, para melhor se perceber as características das castas, foi efectuado com recurso a cubas de inox e a leveduras do tipo Saccharomyces cerevisiae neutras. Os resultados estão aí, ao dispor de todos os curiosos e apaixonados que consigam encontrar estes singulares vinhos ‘Pedra Cancela’, já indisponíveis no produtor.
Porque o projecto a todos se destina, realizou-se na passada sexta-feira nas instalações da Viniportugal, no Porto, mais uma das sessões de provas que vêm sendo realizadas, abertas ao público em geral, dos cinco vinhos que já foram lançados, três brancos e dois tintos.
Cada um tem a sua especificidade. Nos brancos, o Terrantez transmite curiosas sensações de cariz limonado; a Douradinha surpreende pelos aromas transmutantes e pela sua boa estrutura; a Uva Cão exibe a sua indelével acidez. Nos tintos, o traço-comum é a delicadeza, dividida por um Monvedro, mais arredondado, e por um Malvasia Preta de tanino mais firme. Todos constituem, acima de tudo, uma experiência ímpar que, obrigatoriamente, deve ser conhecida por todos quantos partilham a paixão pelo vinho, pela herança do passado e pela construção de um futuro sustentável.
Obrigado Lusovini. Viva o Dão e as suas raízes!
