Quinta da Fata

Quinta da Fata

No final do segundo dia, e após uma prova fabulosa na Casa da Passarela, fomos jantar ao Restaurante Bem-Haja em Nelas com o Eurico Amaral (um senhor do vinho muito simpático e amável) da Quinta da Fata.

Este produtor de pequena dimensão, com pouco mais de 6 ha, localiza-se em Vilar Seco, nas imediações de Nelas. Apesar de ser um produtor com muitos anos, a vinha foi completamente replantada, com a ajuda da Vanda Pedroso, do Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão, em 1999, que selecionou os melhores clones de Touriga Nacional, além das outras castas a plantar (Alfrocheiro, Tinta Roriz e um pouco de Jaen). A Revista de Vinhos neste ano, considerou a Quinta da Fata, como Produtor do Ano 2017.

Voltando ao jantar, a seleção de vinhos que o Sr. Eurico nos providenciou era simplesmente magnífica e houve vinhos para todos os gostos, com as preferências dos convivas a dividirem-se por entre os vários vinhos em prova. Apesar das diferenças, tinham as características típicas dos bons vinhos do Dão, designadamente a frescura, elegância e um uso de madeira muito equilibrado, fruto da intervenção do enólogo António Narciso. De acordo com as minhas notas de prova:

– Fata 1958 – um vinho com uma elegância e saúde assinaláveis conseguindo ainda dar prazer ao fim de 60 anos, só ao alcance de grandes vinhos.

– Fata Reserva 2003 – foi o primeiro vinho feito após a restruturação das vinhas, mostrando-se com cor vermelha escura, aroma a frutos vermelhos, taninos presentes mas já bem domados, acidez média/elevada e um final de boca prolongado, parecia um vinho bem mais novo do que os 15 anos que tem. Para terem uma melhor noção do que é este vinho, Rui Falcão deu-lhe 19 na Revista Wine de Setembro/Outubro de 2016.

– Fata Touriga Nacional 2007 – vinho com muita elegância e acidez, um pouco menos potente que o reserva 2003;

– Fata Conde de Vilar Seco Garrafeira 2010 – o primeiro garrafeira do produtor e que neste momento está em comercialização. Na prova de Touriga Nacional dos Cegos por Provas ficou em 3.º lugar no Porto. E este não é um vinho consensual porque em algumas garrafas nota-se um ligeiro brett, mas mesmo nessas, o nível que tem, para mim e para muitos outros, dá-lhe complexidade. O seu aroma e sabor são fabulosos, típicos de Touriga Nacional do Dão (este é um vinho monocasta) e apesar de não ser encorpado, tem um final de boca muito prolongado, mantendo sempre uma elegância e frescura assinaláveis. Rui Falcão também deu-lhe 19 e disse que era “um grande vinho, que promete transformar-se num dos ícones da região, e a não perder aquando do lançamento” 

– Fata Grande Reserva 2014 – este é o vinho mais consensual e aclamado da Quinta da Fata, as três revistas mais importantes de vinho em Portugal deram-lhe 18 (o mesmo que eu daria). É o mais encorpado de todos, com um grande final, mas mantém-se elegante, fresco e equilibrado, dando já grande prazer, principalmente à mesa. Tal como o anterior é um dos melhores exemplares de Touriga Nacional e quem quiser que se apresse a comprar, pois está a acabar.

– Fata Reserva 2014 – parece o Grande Reserva custando cerca de metade do preço, só tem menos corpo e final de boca, tudo o resto está lá.

– Fata Clássico 2015 – um vinho já bem diferente dos anteriores dado que tem muito menos intensidade mas está muito bem feito, sendo um vinho que dá prazer para o dia a dia, sem excesso de madeira (ou outras coisas que alguns produtores lhes metem) ou de adstringência que muitos vinhos têm, nesta classe de preço.

Uma consideração que também deve ser referida é a grande qualidade/preço que os vinhos da Quinta da Fata que vão desde os 25€ do garrafeira aos 5€ do clássico.

Um palavra final para o Restaurante Bem-Haja onde se comeu muito bem e tornou este jantar ainda mais memorável.

Texto escrito por Duarte Silva

Categorias Wine Experience

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Os Cegos por Provas nasceram através da plataforma Facebook, apaixonados pelo vinho, o grupo desenvolve vários eventos vínicos a nível nacional.

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