Uma vinda do Algarve para o Norte foi o mote para parar na Bairrada e conhecer os novos brancos lançados pela Quinta das Bageiras. Este produtor é um dos clássicos da Bairrada e é liderado pelo Mário Sérgio, um bom contador de histórias e uma das pessoas mais simpáticas que conheço do mundo dos vinhos pelo que qualquer visita é sempre muito interessante. Desta vez, no meio das vindimas para os vinhos brancos e espumantes foi uma visita mais agitada, mas com outros cheiros muito agradáveis e foi fácil de perceber o outro nome da casta Bical que é o “Borrado-das-moscas”.
Quantos aos vinhos começou-se pelo Bageiras Colheita 2019 que vem na senda das anteriores edições, mantendo-se um vinho muito personalizado, afastado dos aromas florais e frutados típicos da esmagadora maioria dos vinhos brancos desta gama de preço.
O Avô Fausto 2018 foi chumbado pela Câmara de Provadores da Comissão Vitivinícola da Bairrada, de facto o vinho tem um aroma estranho que não será do agrado de muitos, mas a boca está muito boa, com frescura e potência e o sabor não é assim tão diferente do habitual, até a madeira por oposição ao do 2017, está mais contida.
O Pai Abel 2018 penso ser o mais consensual dos vinhos brancos provados e está apto a beber desde logo, apesar do álcool elevado tem acidez suficiente para equilibrar o vinho e bastante potência mas sem magoar e um final de boca longo.
O Garrafeira 2018 tem um aroma cítrico e a algo que associo a alguns vinhos naturais ou de baixa intervenção, como lhes queiram chamar, na boca tem muita potência e uma acidez bem elevada que lhe assegura um final muito longo e certamente uma grande longevidade. Foi o meu preferido, embora poderá não ser do agrado de todos. Certamente com mais uns anos ainda ficará melhor e talvez mais fácil, pois ficará com algumas arestas mais limadas. Por isso aconselho a fazer como eu, comprar pelo menos umas três garrafas e depois ir abrindo uma de ano em ano ou de dois em dois para ver a evolução.