White Experience 2019

White Experience 2019

A “White Experience” vulgo a Experiência dos Vinhos Brancos é um evento enófilo que tem como principais objetivos:

– Posicionar Monção e Melgaço como uma sub-Região de referência para a produção de grandes vinhos brancos;

– Motivar produtores e estimular os enófilos no convívio direto entre os vinhos de Monção e Melgaço e alguns dos melhores vinhos brancos do mundo.

No meu entender, estes objetivos foram plenamente alcançados e este evento, é mesmo o que tem o nível mais elevado de Portugal. Quase todos os produtores são do melhor que há em brancos.

O primeiro dia da edição de 2019 começou no sábado de manhã com uma prova na Adega de Monção muito interessante de vários métodos de vinificação com diferentes leveduras, maceração ou não, diferentes vinhas e datas de vindimas da de 2019. Seguiu-se uma Magnum de Deu la Deu 2018 e um vinho de homenagem ao enólogo Fernando Moura de 2016. Na Adega provou-se diretamente do foudre o futuro Deu lá Deu Premium 2019 que já estava inacreditavelmente muito bom e pronto a beber (claro que com mais tempo vai ficar melhor). A refeição foi um magnífico carneiro em que se bebeu um clarete de 2015 muito fácil de beber e viciante, o Premium, Reserva e o Terraços 2016 que estava fabuloso, com uma mineralidade incrível (um dos grandes vinhos da sub-região mas que poucos conhecem).

A tarde passou-se a provar nas Termas de Melgaço onde estavam os produtores e o público em geral. A qualidade era tanta, que opto por destacar pela qualidade, mas acima de tudo pela diferença diria Azores Wine Company do António Maçanita, Zarate das Rias Baixas, Rocim Ânfora e Bojador vinho de talha e os inacreditáveis vinhos velhos da Quinta do Regueiro (como vinhos de menos de 10€ podem evoluir tão bem). Claro que os vinhos das Bageiras, Luís Pato, Passarela e Valados de Melgaço também me levaram às nuvens.

A masterclasse dada pelo João Paulo Martins sobre o uso da barrica em alvarinhos foi muito boa, com alguns dos melhores alvarinhos de Portugal. Foi possível perceber desde o uso da barrica em que mal se notava, a outros em que era mais notória, mas sem os excessos de outros tempos. O alvarinho com um uso contido da barrica de boa qualidade eleva um pouco mais, já a grande casta que é.

No segundo dia, visitou-se domingo de manhã as Quintas de Melgaço, um dos maiores produtores da região, que vinifica cerca de um milhão de kg de uvas por ano, proveniente de cerca de 450 produtores associados. No entanto produz 3,5 milhões de garrafas anualmente porque ainda compra vinho, mas com um caderno de encargos bem estabelecido para que venha com os requisitos de vinificação da empresa. A empresa tem vindo a produzir menos para marcas externas e mais com a própria marca, de forma a valorizar o seu produto. Por isso, nos últimos anos tem lançado novas referências interessantes e diferenciadas em termos de qualidade. Uma delas é o QM Alvarinho/Chardonnay 2017 que será o topo de gama da empresa, um vinho com classe, que aproveita o facto de um dos produtores associados ter uma pequena quantidade de Chardonnay. Claro que ainda se provou a maior parte das referências da empresa como o QM Homenagem, que no aroma ainda está marcado pela madeira, mas na boca já está muito bem integrada e tem um corpo e acidez surpreendentes. O QM Nature está fresco e bem conseguido, mais fácil de beber que outros vinhos do mesmo género. O que normalmente costuma ser o meu preferido, o QM Vinhas Velhas continua muito bom, sendo que o de 2017 é mais gordo mas fresco e o de 2018 mais acutilante, com muita acidez, prometendo um futuro brilhante e longo. Os espumantes eram muito bons com bolha fina, sendo que tivemos o privilégio de provar uma raridade, o QM Velha Reserva 2012 com bolha fina, muito complexo e fresco. No evento ainda se provou outro vinho invulgar, o Vindima Tardia, que é um vinho doce com podridão nobre feito com alvarinho.

Os melhores momentos da tarde do segundo dia do Monção e Melgaço White Experience começaram com um fabuloso loureiro Márcio Lopes, seguido de um Permitido do mesmo produtor, a gama inteira da Quinta de Sanjoane brilhou (este é um produtor clássico dos vinhos verdes que faz vinhos de excelência), o Soalheiro também esteve em grande inclusive com vinhos que antes não gostava muito como o Terramater e Nature (acho que estão cada vez mais afinados), o Nostalgia 10 barricas e o Secretum estão fabulosos e com muito para evoluir, no Anselmo Mendes (os vinhos excelentes eram vários) destaco o Expressões 2017 (já tinha sido o meu vinho preferido na prova dos alvarinhos dos cegos), o Parcela Única 2012, o Tempo (com Curtimenta total), os Vale dos Ares do Miguel Queimado que adoro a gama toda mas que destaco o 2012 que estava inacreditavelmente bom e acabo com os Adega Mãe onde pontificou o 2, 2, 1 alvarinho de duas regiões (Lisboa e Monção & Melgaço)

A masterclasse dada pelo João Paulo Martins sobre a evolução dos alvarinhos também foi muito boa. Percebeu-se que os alvarinhos evoluem normalmente bem até 10 anos e que vários podem aguentar bem mais e onde o Soalheiro 2007 servido em Magnum (pode ter ajudado) estava fabuloso, um hino ao Alvarinho!

Foi um evento onde se demonstrou a grande qualidade dos vinhos de Monção e Melgaço e de uma forma geral, dos brancos de Portugal!

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