Quinta do Mondego

Quinta do Mondego

Quinta do Mondego, situada em Nelas, foi o culminar de 4 maravilhosos dias passados na região vitivinícola do Dão. Joana Cunha, enóloga da propriedade e filha dos proprietários, abraçou este projeto de uma forma criteriosa e séria, e reservou-nos uma inesquecível experiência, rica em paisagens, aromas e sabores. 

A Quinta
Em 1994, a família Fontes da Cunha adquiriu 1,5 ha de casa & terra, junto à margem do Rio Mondego, com o único objetivo de reunir a família e os amigos num lugar bonito & natural, onde sazonalmente vindimavam por gosto e diversão. O cenário alterou-se quando, em 1996, decidem reestruturar a vinha e, no ano seguinte, plantar mais vinha. Hoje, a propriedade conta com 70 ha, 20 dos quais representam a fração que passa pelos processos vinários que fazem as nossas delícias. Nesses 20 ha, estão representadas a Touriga Nacional, o Alfrocheiro, o Jaen e uma pequena parcela de Tinta Roriz nas castas tintas e o Encruzado e o Gouveio nas castas brancas.

Os Vinhos
O ponto de viragem na história dos vinhos da Quinta do Mondego deu-se em 2003, com a elaboração do primeiro vinho tinto da quinta a partir da casta Touriga Nacional, que viria a ser a primeira marca da Quinta do Mondego – o MUNDA Tinto. Este vinho foi vinificado na Quinta dos Roques, com a colaboração do Eng. Francisco Olazabal (Quinta Vale Meão). Um vinho para a família, amigos e clientes, que se revelou uma verdadeira surpresa e um desperdício não ser partilhado por todos nós. A partir de 2006, a Quinta do Mondego passou a produzir os seus vinhos em adega própria, situada no centro de Nelas, e a nossa querida Joana continua a sonhar com o apogeu da quinta no sentido da construção de uma adega nas imediações da propriedade e da continuidade deste projeto com incrível protencial.

A Prova
Fomos presenteados com uma magnífica prova vertical de Munda Encruzado desde 2005 a 2016, exceptuando o ano de 2014. MUNDA significa Claridade, Pureza e Transparência e foi precisamente essas notas que encontramos em todos vinhos em prova. São vinhos elegantes e donos de uma acidez vibrante. Munda 2016, engarrafado em setembro do ano transato, descreve notas de flor branca e ananás, com a madeira bem integrada mas a precisar de mais tempo para chegar ao ponto ideal. O 2015, cheio e elegante, ligeiramente mais ácido que o 2016, exibiu-se com notas de erva seca, cereal e trigo. Como nota importante, ressalto que, a partir de 2015, por decisão da Eng. Joana Cunha, reduziram a quantidade de madeira usada na vinificação dos vinhos Munda Encruzado de modo a que esta emblemática casta, consiga expressar melhor as suas características tão apreciadas.

O 2013 marcou então essa mudança de perfil, revelando algumas notas de fumo, uma acidez crocante, tornando o vinho mais gastronómico. No entanto, continuou a manter a mineralidade e limão. O Munda 2012, numa primeira apreciação apresentava um ligeiro toque de redução e aromas herbáceos, couve branca e cevada. Na boca mostrou-se vibrante, com uma acidez fina e muito bem integrado. No entanto, 2011, demonstrou-se mais vaidoso que o 2012, com mais fruta, mais limão maduro e erva “quente”. O maior destaque da prova vem para a próxima descrição – Munda Encruzado 2010 – um vinho que mereceu 18,5 de nota pela sua jovialidade e acidez, pelo ligeiro químico fresco e herbáceo cativantes, que conseguiu elevar-me à estratosfera. Fruto do ano seguinte, surge um vinho com um perfil completamente diferente dos anteriores mas bastante curioso. Aromas de mel e compota e uma untuosidade que preenche totalmente a boca e que deixa passar a acidez gradualmente para a língua e também marcado pelo carácter dourado do cereal e da palha fresca. Outro grande prémio revelação vai para o Munda 2008, que se revelou mais jovem que o 2009 mas menos completo que o 2010 (por isso mereceu apenas um 18). Um vinho muito persistente e fresco com aromas a cereal e limão bem presente na boca. Contrariamente, 2007 caracterizou-se pelo seu perfil químico e farmacêutico e também com notas de espiga de milho que denotam uma boa evolução em garrafa. Menos longo mas untuoso e uma acidez marcada com notas de limão maduro. O Munda 2006 é um grande vinho, um vinho de grande longevidade, sensorialmente quente, com notas de cereal, herbáceo (erva quente) e algum fumo. Por último, o 2005, apresentar tonalidade mais oxidada, com aromas a cozido e compota de pêra madura, e na boca ultrapassa a sensação agradável do mel para sabores mais compotados. No entanto, continua a dar boa prova pela sua acidez consistente. Findos os brancos, passamos para os vinhos vinificados com as castas tintas características da região do Dão: Jaen 2016, Alfrocheiro 2012 e Touriga Nacional 2003, respetivamente. O primeiro, foi engarrafado em Fevereiro de 2017 e apresentou-se fresco e jovem, com aromas a frutos silvestres vermelhos. Por sua vez, 15 meses de barricas de 500 L usadas, construíram um vinho com taninos muito presentes, fruta preta fresca e ligeiro toque de azeitona verde. Na boca, prima pelas especiarias e pimentas. Por último, e merecedor de grande crédito, o primogénito, harmoniza pelo seu nariz bastante expressivo com aromas de cacau, pinheiro, mentol e fruta madura e uma boca taninosa a expressar notas mentoladas e chocolate negro. 

O Lanche
E porque somos um povo tipicamente hospitaleiro, a Família Cunha fez as honras da casa e harmonizou a restante prova com uns deliciosos petiscos. Desde o tomate cherry, aos enchidos, sem descorar o queijinho, provamos a restante gama dos vinhos da Quinta: Quinta do Mondego Branco 2016, Quinta do Mondego Rosé 2016 e Quinta do Mondego Tinto 2012. Vinhos muito frescos, minerais e gastronómicos.  
Costuma-se dizer que “Quando o vinho desce, as palavras sobem”. Numa semana caracterizada por lirismos, risadas e “bom sangue”, concluo com um forte agradecimento pela experiência. Um bem haja!

Texto escrito por Magda Sá

A nova imagem da Quinta do Mondego
Categorias Wine Experience

Acerca

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Os Cegos por Provas nasceram através da plataforma Facebook, apaixonados pelo vinho, o grupo desenvolve vários eventos vínicos a nível nacional.

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