Prova 42 anos do Duarte #

Prova 42 anos do Duarte #

No domingo realizei a minha prova de aniversário (42) com alguns dos meus amigos, em que cada um trouxe uma garrafa e eu coloquei as restantes. Pretendia-se vinhos muito bons que estivessem no topo da sua evolução e por isso, para os brancos foram definidos vinhos com 5-10 anos e para os tintos, 10 a 15 anos, em que se tentou nos tintos que a maior parte tivesse 10 anos (colheita de 2009).

Antes de falar nos vencedores, é preciso perceber que o grupo era bastante diverso mas em que a grande maioria valoriza vinhos frescos, secos e onde o álcool não se evidencie. Também para vários, o nível de madeira que gostam nos vinhos é baixa, outros suportam níveis mais elevados desde que esteja bem integrada. Outros gostos variavam ainda mais, uns gostam mais de vinhos com pouco corpo ou outros mais encorpados, uns mais tolerantes a pequenos defeitos do que outros, com tolerância zero e uns que gostam mais do vegetal do que outros. Por isso, os resultados evidenciam este perfil, mas não houve nenhum vinho que tivesse sido completamente consensual. Ainda assim, os vencedores em ambos os casos, foram vinhos estrangeiros.

O Chanson “Montée de Tonnerre” é um Chablis 1er cru incrivelmente fresco e tenso ou não tivesse uma acidez elevada e um lado vegetal que o podem tornar difícil sem comida (não era o nosso caso que os vinhos foram servidos durante um almoço que durou toda a tarde). O Secretum é um duriense feito de Arinto, encorpado com madeira de qualidade bem integrada, mas ao mesmo tempo leve com apenas 12,5º de álcool e uma acidez elevada que equilibra o vinho e lhe dá um grande final de boca. O Olo é um Verde incrivelmente fresco em que a ligeiríssima doçura que apresenta, não incomoda nada, mas equilibra o vinho e o torna altamente viciante. Ainda a destacar, a apenas 2 centésimas, o Benito Santos, um Albarinho fresco e relativamente encorpado. Pela negativa o Aliás 2013, uma garrafa mais evoluída do que era suposto e o Parcela Única 2013 que pode ter sido prejudicado por ter sido o vinho 0 dos brancos (serviu para afinar o palato e as notas dos provadores pelo que após ter sido servido e provado foi revelado) mas ainda assim, faltava mais acidez e aquela tensão que se associa e este grande Alvarinho (colheita menos bem conseguida uma uma garrafa pior).

Já nos tintos ganhou o La Spinetta Sassontino, este Sangiovese parecia-me um baga polido, fresco mas com muita potência. Em segundo lugar ficou o Hexagon 2009 com uma acidez elevada, encorpado e taninos sedosos e um final de boca muito longo. Em terceiro lugar ficou o Duas Quintas Reserva (foi o vinho 0 dos tintos). Menção especial também para o Mouchão, Sidónio Garrafeira e Calda Bordaleza que ficaram a menos de 4 centésimas do terceiro. Eu ainda gostei bastante do Quinta da Falorca mas como se pode ver pela média para a maior parte foi uma desilusão.

Já fora de prova, os licorosos foram o Sandeman 20 anos, o meu tawny de eleição, e o Barbeito Tinta Negra 2004, um Madeira meio seco muito fresco que tem feito as delicias de vários amigos meus. Os espumantes foram dois dos melhores a nível nacional mas bem diferentes entre si, o Luís Pato Vinha Formal com uma leve tonalidade rosada, aroma com suaves notas fumadas, biscoito e algum fruto vermelho com bolha fina e boca fresca e complexa. O Murganheira Vintage 2009 está incrivelmente jovem ainda com muita bolha mas muito fina e uma grande potência de boca e final muito prolongado.

Ainda havia pessoal com sede pelo que foi preciso recorrer a algumas das melhores coisas que tinha em casa pelo que se seguiu o Kompassus Private Collection para mim um dos melhores brancos nacionais, o Francisco Nunes Garcia Reserva 2001 que é um alentejano incrivelmente fresco e potente com um lado vegetal muito interessante e ainda em plena forma e a acabar o Aliás 2015, um magnífico exemplo de uma Bairrada dos argilo-calcários.

Texto de Opinião por Duarte Silva

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