Claramente Tintos

Claramente Tintos

Sábado, dia 6 de Abril, foi dia de voltarmos ao ativo, e logo com uma prova que incidiu num tema muito atual e interessante, dado o crescente interesse existente por um perfil de vinhos tintos mais leves, menos extraídos, de álcool mais moderado e maior frescura. Para isso, reunimos um conjunto de 15 vinhos com este perfil, os quais pusemos à prova (cega, claro está!) na Portus Wine perante um conjunto bastante experiente e conhecedor de provadores.
Tivemos conosco o António Picotês, produtor de nova geração, que nos falou um pouco sobre o estilo em prova e sobre o que o motiva a fazer vinhos deste perfil. Trouxe consigo o Picotes Tinto 2022, que serviu como vinho zero, funcionando como um “calibrador” dos palatos e para acertar melhor os critérios e as pontuações.
Podemos dizer que a prova foi de um nível bastante elevado, com todos os vinhos a mostrarem-se em bom plano. Tivemos uma grande diversidade de estilos, dos vinhos mais ligeiros a exemplares que apesar de demonstrarem já bastante estrutura, nunca se afastaram do fio condutor da prova, com muita frescura e elegância e pouco álcool. De louvar, o uso em muitos deles de castas menos conhecidas e valorizadas (Mourisco, Rufete, Alvarelhão, Bastardo, Tinta Gorda, Tinta Negra…), o que demonstra a riqueza e o potencial que temos no nosso país em termos ampeleográficos. Nota também para o grau alcoólico, situado entre os 11 e os 13%, assim como para o uso muito ponderado da barrica.

Quanto aos resultados, tivemos umas quantas surpresas e outras tantas confirmações! O top7 foi bastante uniforme e com um nível muito elevado, com todos os vinhos acima dos 17 pontos.
O vencedor da prova, por uma margem bastante curta em relação aos dois seguintes, foi o Tinta Negra dos Villões Vale de S. Vicente 2022, um DOP Madeirense da Companhia de Vinhos dos Profetas e dos Villões. Um vinho com uma frescura estonteante, fruta vermelha pura e um lado salino a trazer muita personalidade. Uma bela surpresa, dado a juventude do projeto e a origem pouco habitual para vinhos de mesa.
Em segundo lugar uma confirmação, com o Zafirah 2022 a mostrar o talento do Constantino Ramos, que nos brindou com um vinho de fruta intensa, especiado e um lado vegetal a refrescar o conjunto muito elegante e de enorme “bebilidade”. E tudo isto do segundo vinho mais barato da prova!
A fechar o pódio, o Casa da Passarella Fugitivo Bastardo 2020, que nos demonstra o grande potencial da casta quando tratada da forma correta, com a elegância e o equilíbrio a dominarem este vinho.
Seguiram-se o Aphros Ouranus 2020 (um vinho muito fresco e intensamente mineral, com o Alvarelhão a demonstrar o seu potencial), o Giz Vinha das Cavaleiras 2019 (do lado mais “musculado” do espectro da prova, mas com o equilíbrio e a frescura a dominarem), o Poeira Desalinhados Clarete 2021 (com o seu lado mais aristocrático, e a pedir um pouco mais de descanso em garrafa) com o Quinta da Costa do Pinhão Marufo 2022 a fechar o top 7 (com o seu perfil original a mostrar uma casta muito pouco valorizada).

Mesmos nos outros vinhos que não ficaram no Top, tivemos vinhos muito interessantes e para todos os gostos, sendo que graças a esta prova várias pessoas descobriram vinhos deste estilo que gostam.
Em jeito de conclusão, podemos afirmar que existem cada vez mais excelentes referências dentro deste estilo de tintos mais ligeiros, frescos e elegantes, mas cheios de sabor, e que mais e mais produtores se aventuram a ir ao encontro do crescente gosto do mercado por estes vinhos.

Até à próxima prova!

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