Visita à Quinta do Crasto

Visita à Quinta do Crasto

Em fevereiro um grupo de enófilos liderado pelo Francisco Rebello de Andrade foi visitar a Quinta do Crasto no Douro. Esta é uma das Quintas “clássicas” do Douro com uma paisagem avassaladora, que deixa qualquer um enfeitiçado pela sua beleza.

O Pedro Guedes de Almeida recebeu-nos de forma entusiástica e proporcionou-nos um dia em grande que começou com uma prova horizontal dos vinhos que estão atualmente no mercado.

Dos vinhos provados queria realçar a qualidade do Crasto Rosé que é bem seco, fresco e com um final longo para o preço que custa, está muito bem conseguido.

O Crasto Tinto, também merece destaque, pois apesar de ser o vinho base da Quinta do Crasto tem muita qualidade e um estilo muito atrativo.

O Crasto Altitude por fugir um pouco ao estilo da casa, com menos corpo, mas que está muito bem feito e apetecível, acompanhando bem comida mais leve.

Depois, os monocastas são do melhor que há em Portugal, mesmo o Syrah, que foi quase uma heresia quando saiu, tem tudo no sítio para agradar a quase todos, e já dá uma grande prova. O Touriga Nacional está espetacular com um aroma típico da casta e na boca apresenta uma frescura e uma potência com um tanino sedoso, muito bem casadas, que oferecem um final longo. O Touriga Franca é mais selvagem, com mais tanino, mas sem magoar, a precisar apenas de comida à altura. Já o Tinta Roriz é um monstro de tanino, esse sim, precisa de uns bons anos para mostrar tudo o que vale, mas que promete muito, promete!!!

Depois visitou-se a adega, e que adega, já visitei muitas, mas nunca vi uma tão arranjada e limpa. Um cuidado extremo no detalhe e claro, leva a que os vinhos saiam sempre bem, sem defeitos. Também observamos a área das barricas que é verdadeiramente impressionante, e onde está a haver uma reorganização para facilitar os trabalhos de adega, principalmente no que se refere à bâttonage

No almoço, os vinhos foram servidos às cegas. Começamos pelo Crasto Tinto 2010 e Crasto Superior 2011 que estavam a dar uma prova muito boa, ficamos todos impressionados porque não se estava à espera de que vinhos deste nível aguentassem tão bem a passagem dos anos. De seguida vieram o Quinta do Crasto Vinhas Velhas Reserva 2008 e o Quinta do Crasto Tinta Roriz 2010 e o nível elevou-se, e de que maneira, pois estavam muito bons, sendo que um deles para mim ainda se destacava com uma potência e frescura impressionantes. Quando se revelaram os rótulos, pensamos que seria o Tinta Roriz, mas não, era mesmo o VV 2008 que estava fantástico, a mostrar que 2008 foi um dos melhores anos no Douro, com vinhos que agora estão esplendorosos, no seu auge.

A seguir vieram dois enormes vinhos que ainda estão novos, apesar de um deles já ter 10 anos e o outro quase isso. A julgar por estes, diria que devem atingir o auge entre os 15 e os 20 anos de idade. Os dois têm muita potência, madeira de grande qualidade, com um final de boca, que parece interminável. E perguntam, qual o que mais gostaste? Difícil, mas diria que gostei mais do aroma do Vinha da Ponte 2012 e mais da boca do Vinha Maria Teresa 2013 e se tivesse de escolher só um, seria o Maria Teresa, um vinho enorme!

Com as sobremesas vieram dois portos, o Quinta do Crasto Vintage 2003 e o Quinta do Crasto Colheita 2003, ambos muito bons, em que só a minha inclinação natural para os tawnys me fez preferir o Colheita, que delícia.

Ainda houve tempo para se provar na esplanada dois brancos com alguma idade, o Crasto Branco 2015 e o Crasto Superior 2014. E não é que estavam muito bons, mesmo eu que não gosto muito brancos velhos, adorei!!!

Por esta grande prova, é possível perceber que a Quinta do Crasto faz vinhos de qualidade com longevidade e não só nos topos de gama!

Texto por Duarte Silva.

Categorias Wine Experience

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