Kompassus – Vinhos de Boutique

Kompassus – Vinhos de Boutique

No dia 8 de agosto fomos visitar a Kompassus do João Póvoa na Bairrada. A Kompassus é um produtor relativamente recente, mas o João Póvoa, apesar de médico, já leva muitos anos a produzir vinho, tendo-se iniciado em 1991 com a Quinta de Baixo, vendida posteriormente à Niepoort.

A Kompassus apesar de ser uma empresa muito pequena, tem uma ampla gama de vinhos, principalmente em brancos, ou não fosse Anselmo Mendes, o enólogo consultor. A visita foi efectuada pela Magda Costa, a recém enóloga residente, e começou pela adega de dimensões muito reduzidas, mas com todo o material necessário para fazer vinhos de qualidade superior.


A prova consistiu nos novos vinhos que estão a ser lançados no mercado: Kompassus Blanc Brut 2015 – bolha fina, aroma citrino e a padaria, grande acidez com um final médio a longo (17);

Kompassus Reserva Branco 2017 – mineral típico dos argilo-calcários, citrino, acidez média a elevada, final de boca também médio a longo (17);

Kompassus Bical 2017 – aroma oxidativo e um pouco mineral, morno mas muito curioso de boca, acidez média a elevada e final longo (17,5 – um vinho fora da caixa mas muito bom para quem gosta deste estilo);

Kompassus Verdelho 2016 – aroma cítrico, pouco corpo, acidez elevada e final longo (17,5);

Kompassus Alvarinho 2016 – aroma contido, fruto de caroço e alguma laranja, mais volume de boca mas ainda assim não é muito grande, contudo tem uma intensidade de sabor impressionante, final longo (18 – tal como o Alvarinho de 2015 é provavelmente o melhor fora de Monção Melgaço e um grande vinho);

Kompassus Private Collection Branco 2015 – aroma ainda muito marcado pela tosta da madeira, com uma acidez elevada, corpo médio a elevado e final muito longo (ainda não está no mercado, a precisar de mais algum tempo para integrar melhor a madeira, porém quem gostar de sentir a madeira vai gostar muito dele pois tem acidez suficiente para equilibrar o vinho e lhe dar uma grande final de boca).


No final dos brancos ainda provamos uma amostra da Barrica do que será o Kompassus Private Collection 2017 que estava com um aroma fabuloso e já com uma elegância notável, daqueles que beberia sem problema já e com muito prazer, este é mais um exemplo de que os produtores bairradinos estão a fazer cada vez vinhos que são capazes de serem bebidos cada vez mais jovens. Finalizou-se a prova na Adega com o Kompassus Reserva Tinto 2016 – aroma vegetal, muito fresco, taninos redondos, final médio a longo (17).

Ao almoço foi-se ao restaurante Júlia Duarte, logo ali ao lado de Cantanhede, em Murtede – um daqueles sítios (ainda) desconhecidos por quem se habituou a fazer o famoso troço da Mealhada mas cuja elevada afluência e cuidado na preparação do leitão (a família proprietária desta casa toma conta de tudo, desde a cozinha até ao atendimento dos clientes) justificaram plenamente a escolha e a vontade de lá regressar.

Comeu-se então o prato típico da Bairrada e os vinhos ainda souberam melhor pois são muito gastronómicos e mesmos os tintos que como têm muita frescura fizeram uma parelha magnífica. Ainda se abriram dois novos vinhos no restaurante: Kompassus Blanc de Noirs 2014 – aroma a panificação em evidência, bolha fina, muito fresco e final muito longo (17,5 – grande espumante que já podia passar por champanhe e a um preço muito bom);

Kompassus Private Collection Tinto 2013 – aroma a frutos vermelhos e pretos com alguma especiaria, muito complexo, na boca é encorpado, mas não em demasia e com uma textura aveludada, acidez elevada e final muito longo (18).


Depois do magnífico repasto ainda formos visitar as vinhas, em que foi possível constatar que o Pinot Noir estava quase pronto a ser colhido. Num futuro não muito distante aqui nascerá a futura adega – já é possível observar o local onde ela será encaixada, bem no meio dos vinhedos – e desta forma João Póvoa poderá tornar ainda mais próxima esta relação entre vinho e vinha, tal como sempre foi a sua vontade.

Por agora, basta-nos abrir um destes Kompassus para percebermos isso, é um produtor que está certamente na linha da frente do que é feito hoje na Bairrada, e por muitos anos!

Texto por Duarte Silva e Marco Lourenço

Categorias Wine Experience

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Os Cegos por Provas nasceram através da plataforma Facebook, apaixonados pelo vinho, o grupo desenvolve vários eventos vínicos a nível nacional.

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