III – Prova Cega de Vinhos Brancos dos Açores 2019

III – Prova Cega de Vinhos Brancos dos Açores 2019

Esta que foi já a terceira edição da prova cega de vinhos brancos dos Açores, associada desde o primeiro momento ao evento maior que é o Wine In Azores, em S. Miguel, foi bem demonstrativa da maturidade com que os vários participantes abordam hoje em dia esta prova, essencial para uma leitura transversal dos vinhos açorianos.Por um lado os produtores, que têm feito um trabalho contínuo e muito profícuo no que diz respeito à qualidade e estabelecimento de um padrão de vinho desta região. As melhorias são por demais evidentes, e conseguimos ter pela primeira vez um alinhamento de vinhos, representantes das principais ilhas – Pico, Terceira, Graciosa e a novidade que foi o Faial (S. Miguel esteve quase para entrar, também) – em que a diferença entre os melhores e os menos bons, foi de pouco mais que um ponto (no sistema de classificação até 20 pontos). Isto é revelador do acréscimo de qualidade no que diz respeito à viticultura e ao trabalho das adegas locais, o que se traduz desde logo numa necessária coerência formal entre todos eles mas também num maior potencial de envelhecimento que em outras provas carecia de se vislumbrar. Deverá ser realçado, ainda, o fundamental papel dos provadores, e a definitiva integração desta prova “na vida” dos três dias desta feira (onde paralelamente e pela primeira vez se realizou o concurso de melhores vinhos entre os produtores presentes). A maturidade estendeu-se também aos participantes da prova cega, onde os “repetentes” (entre produtores, enólogos e visitantes do evento) têm agora uma ideia muito mais esclarecida dos vinhos em prova, já com a experiência adquirida nos outros anos. É de salientar que mesmo para os enófilos residentes nas ilhas, este evento é tido como uma rara senão única oportunidade de provar alguns dos vinhos mais recônditos dos Açores, devido às baixíssimas produções e à escassa oferta nos locais de compra habituais. Por outro lado contámos com novos provadores que aliaram a curiosidade a uma enorme vontade de apreciar estes vinhos, e que rapidamente alinharam com o método de prova e de classificação habitual. Mas passemos então aos destaques entre os vinhos que nos chegaram este ano. Começemos pelo ano de colheita dos vinhos, practicamente todos de 2018, com excepção de dois que eram de 2017. O ano foi bom, pois todos apresentaram grande equilíbrio, vivacidade e acidez, sem aquela presença do enxofre ou de oxidações precoces que havíamos detectado em algumas garrafas de anos anteriores. No restrito lote dos preferidos desta edição 2019, há vários repetentes, mas também houve uma estreia – o que em ambos os casos é de saudar, pois vemos como existem já produtores que encontraram o seu modo de fazer e o seu espaço – e essa consistência foi aqui premiada, com o 1º lugar alcançado pela Azores Wine Company (Arinto dos Açores Sur Lies 2018) e o 3º lugar repartido entre a Curral Atlantis (Verdelho e Arinto dos Açores 2018) e a Picowines (Terrantez 2018), que no ano passado arrecadou os dois primeiros lugares da prova, também como estreante, com os seus Arinto dos Açores 2017 e Terrantez 2017 – e outros que perante a riqueza e a singularidade deste clima, solo e tradição vitícola decidem agora avançar, tentando recuperar do abandono a que algumas vinhas e adegas foram sujeitas ao longo dos últimos anos, ou através de novas plantações que honrassem esse passado. Assim é o caso da Adega do Vulcão, cujas vinhas se encontram entre a periferia do vulcão dos Capelinhos, no Faial e o Pico. A seriedade e ambição com que entraram neste projecto (com a escolha do experiente enólogo Alberto Antonini e o envolvimento da Universidade dos Açores na análise destes solos), “atiraram” este novo produtor directamente para o 2º e 8º lugar desta prova, respectivamente com o Ameixâmbar Arinto dos Açores 2018 e o Rola Pipa 2017. Em 4º e 5º lugar ficaram os Verdelho 2018 respectivamente da Picowines e da Curral Atlantis, e em 6º e 7º lugar dois Arinto dos Açores, também destas casas. Notável também a posição alcançada pelos vinhos da Graciosa (Pedras Brancas 2018, em 10º lugar) e da Terceira (Donatário 2017, em 11º lugar), que assim vão consolidando o seu merecido lugar entre os melhores vinhos dos Açores. Com estas breves notas queremos também agradecer o apoio e o incentivo que recebemos desde a primeira hora do Joaquim Coutinho Costa, organizador do Wine In Azores, com quem pretendemos continuar a desenvolver um trabalho de valorização e descoberta dos vinhos açorianos, bem como do Governo Regional dos Açores, que vê aqui a oportunidade ideal para alavancar e promover um dos motores mais antigos da economia regional, o vinho! Também a todos os que connosco colaboraram para tornar possível esta prova, que esperamos rever daqui a um ano. Obrigado a todos!

Classificação III Prova Cega Brancos dos Açores

Texto : Marco Lourenço
Imagens : Carlos Figueiredo

Categorias Provas Cegas
Tags: 2019, AÇORES, azores

Acerca

cegosprovas

Os Cegos por Provas nasceram através da plataforma Facebook, apaixonados pelo vinho, o grupo desenvolve vários eventos vínicos a nível nacional.