Crónicas do Baco Cego #1

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# 1 Imperfeitamente Perfeito – Os Vinhos de Carlos Raposo

Um dia conheci um rapaz de Nelas. Quase nem dei por ele. 

Ouvi dizer que andava a fazer uns vinhos super premium em Portugal. E quase sem dar por ele, de repente já muitos o tinham provado e poucos achavam que estava errado. É que fazer algo novo aqui na terra dos tugas é sempre criticável e detestável. Nada como provar e só depois opinar. 

E foi assim que há uns meses provei um dos Imperfeitos e fiquei de tal forma boquiaberto com a elegância de um Branco genuíno e acima de tudo incomparável. E ao ouvir o rapaz de Nelas é que comecei a perceber o puzzle… sim porque quando nos dão lotes a provar e nos dizem que se calhar vai para este ou para aquele vinho e/ou até nem vai para nenhum… só pode ser louco, ou não!

Na sua pressa constante e ânsia por mudar o Dão, mudou de uma vida boa junto da quinta de Nápoles onde cresceu junto ao Dirk, para uma vida dedicada a atingir a perfeição do imperfeito… Ou seja, só um louco o faria mas… A loucura leva à arte e à perfeição.

Nesta 2ª visita fiquei a conhecer as duas novas gamas do rapaz. E confirmo, ele sabe fazer vinhos. 

E melhor: não faz só vinhos que eu não consigo comprar, mas também soube fazer arte com vinhos mais acessíveis mas incrivelmente apetecíveis. Vêm aí uns brancos e uns tintos que vos vão deliciar.

Mas há algo mais que me encanta com o rapaz de Nelas, lá na sua adega mítica familiar: O ser verdadeiro. Que é algo que começa a ser incomum, nos vinhos e nas palavras.

O rapaz de Nelas é Carlos tal como eu. Quase nem damos por ele. A singularidade dos seus vinhos virá dessa simplicidade? Vou continuar a passar por Nelas para descobrir…

Texto e Imagens – Carlos Figueiredo

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