Cegos por… espumantes portugueses

Cegos por… espumantes portugueses

Festivo, alegre e vivo, eis o espumante! Consta que Madame Bollinger, a célebre produtora, terá dito um dia: “Bebo Champagne quando estou feliz… e quando estou triste. Às vezes bebo quando estou sozinha. Quando tenho companhia, considero obrigatório. Provo quando estou sem fome e bebo quando estou com fome. Doutra maneira nem toco em Champagne, a não ser que esteja com sede.”

O espumante, é um vinho obtido através da sua segunda fermentação em garrafa (ou numa cuba fechada), depois de adicionadas leveduras, originando um certo nível de dióxido de carbono.

Foi na actual França (o sítio exacto é discutível e parece não ter sido em Champagne – os Pirinéus vão ganhando cada vez mais adeptos nesta disputa pela velhice) que surgiu no séc. XVI esta apai- xonante bebida. Nós, Portugal, país uno bem mais vetusto que o resultado de Aquitânias, Borgonhas, Provenças, Nor- mandias e mais umas quantas regiões de linguarejo acentuado nos “r” (Setúbal não conta, obviamente), também aderimos à moda das bolhas e com tal categoria, que chegámos ao séc. XXI a podermo- nos gabar de não ficarmos a dever nada aos francos em termos de “dióxido-car- bonice-vinhal”. Ou então, não…

Para tentarmos comprovar tamanha presunção lusitana, convocámos 50 amigos “Ceguetas” (sim, com maiúscula, que esta “ceguetice” já vai tendo nome próprio), para uma super-prova com alguns dos melhores “espumas” feitos em terras de Viriato. Escolheram-se, assim, vinhos de gama média-alta/alta de alguns dos mais renomados produtores, já com al- guma evolução em cave e/ou garrafa, proporcionando a melhor prova possível. O dia 8 de Abril foi o escolhido para tão importante evento. Em Lisboa, no “Estado D’Alma Bistro & Wine Bar”, fo- mos recebidos por Tiago Paulo, dono daquele muito aprazível espaço e pelo seu “braço-direito”, João Chambel, também dono, mas de um nariz quase canino e escanção-mor desta empresa. Ao todo, desfilaram 24 espumantes dos anos de 2007 a 2012. Houve um franciú “infiltrado”, o Champagne Barbier-roze Brut Sélection, que embora não tives- se contado para a classificação, serviu como curiosidade – avisámos previamente, para que os provadores o tentassem encontrar – permitindo-nos tirar, à posteriori, algumas conclusões).

Da região dos Vinhos Verdes, tivemos o Casa Senhorial do reguengo Bruto Branco Velha reserva 2012, o Casa Senhorial do reguengo Bruto Blanc des Noir Velha reserva 2011, o Provam Côto de Mamoe- las Super reserva 2012, o Quintas de Mel- gaço QM Alvarinho Velha reserva 2012, o Vinhos Norte Miogo Branco Bruto reserva 2011 e o Quinta de Lourosa Avesso 2007. Do Douro, o Caves Transmontanas Vértice Cuvée Brut 2010/11/12. De Távora-Varosa, o raposeira Velha re- serva Bruto 2009.
Da Bairrada, o Campolargo Borga Brut 2007, o Caves São João Luiz Costa Bru- to Natural 2010, o Quinta das Bágeiras Grande reserva Bruto Natural 2011, o Caves do Solar de São Domingos Lopo de Freitas Bruto 2011 e o Quinta de São Lourenço Bruto 2007, o Adega de Can- tanhede Marquês de Marialva Cuveé Ex- tra Bruto Arinto 2011, o Luís Pato Vinha Formal 2010, o Quinta dos Abibes Subli- me Brut Nature 2010 e o Caves Messias Blanc de Noirs Baga Bruto 2012.

Do Dão, o Global Wines Cabriz Blanc de Noir Touriga Nacional Extra-Bruto 2012. De Lisboa, o Joaquim Arnaud Espumante Bruto 2008, o Quinta do rol Extra Bruto Grande reserva Blanc de Blancs 2009 e o Quinta do Boição Spécial Cuvée Arinto Extra Bruto 2010. Por fim, do Alentejo, o ravasqueira Alfro- cheiro Grande reserva Brut Natur 2012 e o Cartuxa reserva Bruto 2010.

Notas a brioche, maçã, baunilha, padaria, citrinos, inundaram o ar e os vinhos fo- ram sendo provados e avaliados com o máximo critério. Como habitualmente, usou-se uma pontuação de 0 a 20, com meios pontos, seguindo as seguintes balizas: 19 a 20 – Grande vinho, de classe mundial; 17,5 a 18,5 – Excelente, de grande categoria e potencial; 16 a 17 – Muito bom, com per- sonalidade e complexidade; 14 a 15,5 – Bom, bem feito, bebe-se com prazer; 12 a 13,5 – Honesto, correcto, simples, sem grandes pretensões; 10 a 11,5 – Sem de- feitos graves mas também sem virtudes; < 10 – Negativo, defeituoso ou desequilibrado.

QUAL O VEREDICTO?

Depois das contas feitas, o grande vencedor foi o bairradino Caves do Solar de S. Domingos Quinta de S. Lourenço Bru- to 2007, seguido pelo “irmão” São Do- mingos Lopo de Freitas Bruto 2011 e pelo alentejano Cartuxa reserva Bruto 2010. A fechar os primeiros cinco, ficaram o Quinta dos Abibes Sublime Brut Nature 2010 (Bairrada) e o Joaquim Arnaud Espumante Bruto 2008 (Lisboa), tendo sido este o mais votado para infiltrado francês… Infiltrado esse que ficaria logo a seguir, se estivesse a concurso.

Mais uma grande “cegada”, desta vez a degustar alguns dos melhores espumantes nacionais!

Artigo escrito por Carlos Ramos e publicado na Revista Paixão pelo Vinho nº69

Tabela dos 10 melhores Espumantes em prova cega
Categorias Eventos, Provas Cegas

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Os Cegos por Provas nasceram através da plataforma Facebook, apaixonados pelo vinho, o grupo desenvolve vários eventos vínicos a nível nacional.

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