Almoço com Alírio: Buçacos

Almoço com Alírio: Buçacos

Os almoços de aniversário do Alírio são sempre grandiosos e este não escapou à regra. O tema foram os vinhos Buçaco, do Hotel Palace Bussaco, que não há muito tempo, era o único local onde era possível bebê-los. Por isso mesmo, eram objeto de culto, limitados à elite. Atualmente já se conseguem comprar em algumas boas garrafeiras mas os vinhos mais antigos, só indo lá. Os Buçaco, tanto brancos como tintos, resultam da “mistura”, das uvas das regiões do Dão e da Bairrada, e envelhecem de forma magistral. Já tive oportunidade de provar um branco de 1958 e um tinto de 1960 que estavam magistrais. Voltando à prova do Alírio, começámos por um espumante D Aimery L’Exception Grande Cuvée Tête Blanquette Brut Francês de Limoux (Languedoc) que estava evoluído, mas ainda a dar prazer a quem gosta deste estilo.

Nos brancos bebeu-se o 2016, 2013, 2007, 2005, 2002, 2001 e o 1995. Tirando o último que estava um pouco desequilibrado, estavam todos muito bons, a dar já um grande prazer, destacando-se o 2007 por estar tão novo que em prova cega dir-se-ia ter um a dois anos, pois é citrino, com muita acidez e longo (este vai precisar de pelo menos mais uma década para atingir o auge). Os 2002 e 2001 já parecem estar no auge e estavam fantásticos, em que o 2001 por ter mais corpo e ser mais longo, mas com uma brilhante acidez foi o preferido da maior parte dos convivas. Seguiu-se o Rosé 2016 que era muito fresco, seco e muito longo, seguramente um dos melhores rosés nacionais e ainda penso que pode ficar melhor com mais uns anos.

Nos tintos bebeu-se o 2013, 2011, 2010, 2005 e 1983 e as três edições que existem do Vinha da Mata 2015, 2010 e 2001. Dos “normais” pontificou o 2005 ainda cheio de fruta, mas já com alguns descritores secundários e terciários, muito elegante e com uma acidez belíssima a dar um equilíbrio notável, com classe. Eu também adorei o 2011, com um equilíbrio de potência, elegância e de acidez muito bom, embora não tenha sido consensual por ter um ligeiro brett. Ao nível do Vinha da Mata, o recém-lançado 2015 ainda está demasiado jovem com um nível de taninos enorme, ainda só no início do polimento (nunca o beberia antes de 2025 e caso o queiram, decantem-no com várias horas de antecedência e acompanhem com uma carne à altura) e uma frescura impressionante tanto da elevada acidez como também de um vegetal notório. O VM 2010 está já num nível muito elevado, pois o polimento de taninos que apresenta já dá uma grande prova, mas ainda há uma boa margem para evoluir positivamente até porque o VM 2001 está perfeito, com um equilíbrio notável mas com potência, não aparentado os 18 anos que tem (só ao alcance dos grandes vinhos). Com a sobremesa bebeu-se o Barbeito Frasqueira Verdelho 1994 que estava ao melhor nível do que se faz na Madeira: salino, iodado, com uma acidez elevada e final muito longo, absolutamente fantástico. Quem ainda tinha pedal ainda bebeu uma aguardente Conde de Amarante. A comida foi excelente, ao nível de um grande restaurante como é o Gaveto de Matosinhos!

Texto de opinião por Duarte Silva

Categorias Artigos de Opinião

Acerca

Cegos Por Provas

Os Cegos por Provas nasceram através da plataforma Facebook, apaixonados pelo vinho, o grupo desenvolve vários eventos vínicos a nível nacional.