Companhia Agrícola do Sanguinhal

Companhia Agrícola do Sanguinhal

No passado dia 8 houve oportunidade de fazer uma visita à quinta do Sanguinhal. Propriedade que juntamente com outras duas (Cerejeiras e São Francisco) foram os motores de produção de Abel Pereira da Fonseca, que nos anos 20 do século passado, começou a construir um “império” comercial, onde os vinhos estavam no centro do mesmo.

Recebidos pela Ana Fonseca (quarta geração da família), houve oportunidade de conhecer as instalações da belíssima quinta situada no Bombarral, encaixada entre a serra (Montejunto) e o mar. Ainda com a traça original a marcar a construção, o destaque vai sem dúvida para os imponentes edifícios da destilaria, do armazém dos fortificados com os seus imponentes toneis e a “sala” dos lagares, edifício que atualmente alberga a sala de provas, mas que em tempos era uma instalação imponente de lagares de vara, que merecem a visita de qualquer apaixonado por este mundo do vinho, tal a imponência e o peso (da história) que este lugar emana.

No que aos vinhos diz respeito, houve oportunidade de provar uma parte bastante significativa da gama. De assinalar a qualidade dos brancos que impressionaram de forma transversal pela frescura e acidez. Desde o “simples” e “leve” Sottal, que deveras recomendo para aqueles que amanhã querem provar vinho pela primeira vez, passando por um muito bem conseguido Sanguinhal Arinto/Chardonnay que se revelou um “must have” atendendo à RQP que apresenta e terminando no Grande Reserva Branco da Quinta das Cerejeiras. Este último, estamos a falar de um branco com uma seriedade e uma dimensão que coloca qualquer um que o beba em sentido. Aponto-o para aquele género de brancos que apetece abrir no Outono/Inverno com um bom polvo ou bacalhau à lagareiro. Este 2018, ainda agora está no princípio de vida, com as notas da barrica subjacentes, mas com uma grandíssima acidez que lhe auguram anos de vida.

No campo dos tintos, o destaque vai todo para o clássico Grande Reserva da Quinta das Cerejeiras. Este 2014 já dá uma prova fantástica, com um equilíbrio brutal entre as notas do estágio em madeira, a fruta fresca e os taninos. Para mim está ótimo desde já.

Obrigatório assinalar os generosos. Estes vinhos são uma especialidade da Companhia, que atendendo ao facto de ter dentro de portas todos os “ingredientes” para elaborar este tipo de vinhos, decidiu avançar para a “construção” dos mesmos. De assinalar que os generosos são lançados com um mínimo de 20 anos.

Provamos duas referências, um doce e um seco. O doce vai muito ao encontro de um Porto Tawny, mas com uma impressionante frescura que equilibra a prova e o torna muitíssimo interessante. O seco é algo que considero obrigatório… Pensem num grande Madeira… Depois num belo Jerez… Ok… Este está no meio… Belíssimo vinho !!

Em suma, um fim de tarde muito bem passado, com um agradecimento especial à Ana pela condução da visita e posterior prova.

Deixo o ponto alto da prova para o fim deste texto… Pois dedicarei umas palavras em exclusivo a esse vinho… Algo que mexeu comigo e com os que comigo estavam… E o mais surpreendente… É que foi um Rosé… Não um qualquer… Talvez o melhor que alguma vez provei…

Wine Experience By Fernando Costa

Categorias Wine Experience

Acerca

Cegos Por Provas

Aqui fala-se de tudo, desde que de vinho. 11 enófilos dedicados à mais nobre das líquidas causas...