Já nos seus tempos de liceu, João Raposo vivia intensamente a época das vindimas, trabalhando no laboratório da Adega de Lagoa na medição de mostos e acompanhando com enorme interesse e entusiasmo todo o processo de vinificação que lá se desenvolvia.
Passaram-se os anos, as coisas foram evoluindo e com a herança de uns terrenos decidiu finalmente plantar vinha em 2016.
As 3 propriedades (Monte do Lobo, Monte do Pirolito e Monte da Luz Bonita) ficam bem perto da Praia do Carvoeiro, uma zona com um potencial interessante: alta, ventosa, alguma salinidade no solo, com o mar a 1000 metros e exposta à Serra de Monchique.
Apesar de ter começado como um projeto seu, nesta altura também o seu irmão, o arquiteto Fernando Raposo, se associou à produção, plantando as mesmas castas Arinto, Crato Branco e de uma nova, a Negramole. E juntos, como forma de homenagear a sua Mãe criaram os vinhos Dona Niza, dois monovarietais de Arinto, Crato Branco e futuramente outro de Negra Mole.
Neste momento, em conjunto possuem 7 hectares de vinha plantada e cuja produção ronda os 6500 litros.
Este Dona Niza Arinto cedo me despertou a curiosidade no que o seu terroir e sua proximidade do mar poderiam influenciar a casta Arinto no Algarve.
No copo, a sua côr é citrina e reluzente.
No nariz, logo de inicio promete-nos muita frescura de aromas como lima, maçã verde e ligeiro apontamento mineral a pederneira.
Na boca, confirmam-se os aromas anteriores, a sumarenta maçã verde é evidente e amplamente presente durante toda a prova. Contudo, é de destacar a sublime untuosidade aliada a um toque de Lima, acidez vibrante e salinidade no final de boca.
Em contexto de prova cega nunca diria que seria um Arinto oriundo do Sul, a sua acidez e riqueza de aromas apontariam bem mais para Norte.
Texto por: Rui Calado
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